Nos últimos anos, a forma como as empresas recrutam e selecionam talentos passou por uma transformação significativa. A adoção de modelos remotos e híbridos alterou não apenas a rotina de trabalho, mas também as dinâmicas do processo seletivo. Nesse novo cenário, as entrevistas virtuais se tornaram comuns, exigindo que os profissionais de Recursos Humanos adaptem suas técnicas para avaliar com precisão o potencial dos candidatos.
Um dos principais desafios desse formato é garantir que a análise do candidato vá além da experiência técnica e das respostas preparadas. A comunicação por vídeo pode limitar a percepção de aspectos importantes, como linguagem corporal e interação natural, por isso o entrevistador precisa desenvolver habilidades específicas para “ler” o candidato mesmo à distância.
Além disso, o ambiente virtual exige que as entrevistas sejam mais estruturadas e objetivas. Ter um roteiro claro, mas flexível, ajuda a manter o foco nos critérios essenciais para a vaga. É recomendável iniciar com perguntas de conexão, que deixem o candidato mais confortável, e depois avançar para questões situacionais e comportamentais que testem competências-chave para o trabalho remoto ou híbrido, como autonomia, disciplina e proatividade.
Outro ponto relevante é a avaliação das habilidades digitais do candidato. Em um modelo de trabalho que depende de ferramentas online, é essencial identificar se a pessoa tem familiaridade com plataformas de comunicação, gestão de tarefas e colaboração à distância. Isso não significa que a vaga exija um nível avançado de conhecimento tecnológico, mas sim que o profissional esteja disposto e apto a se adaptar rapidamente.
A construção de rapport — ou seja, a criação de uma conexão genuína com o candidato — também precisa de atenção especial. No ambiente presencial, isso ocorre de forma mais natural; no virtual, exige esforço deliberado. Um tom de voz acolhedor, atenção visual e demonstração de interesse nas respostas contribuem para quebrar a barreira da tela e criar um clima favorável à troca de informações.
Outro cuidado importante é minimizar distrações e problemas técnicos. Antes da entrevista, é recomendável enviar orientações claras sobre a plataforma que será utilizada, além de verificar a estabilidade da conexão e o funcionamento de áudio e vídeo. Essas medidas simples evitam interrupções e garantem uma experiência mais fluida para ambas as partes.
Após a entrevista, é útil complementar a avaliação com testes práticos, estudos de caso ou dinâmicas online. Esses recursos permitem observar como o candidato aplica seus conhecimentos e interage em contextos que simulam situações reais do trabalho remoto ou híbrido. Assim, a decisão de contratação se torna mais fundamentada e assertiva.
Por fim, é importante lembrar que, embora a tecnologia tenha alterado a forma como entrevistamos, a essência da boa seleção continua sendo a mesma: encontrar o profissional certo para a função e para a cultura da empresa. Ao adaptar as práticas tradicionais ao ambiente digital, o recrutador amplia suas possibilidades de identificar talentos, sem perder de vista o fator humano que está no centro de qualquer processo seletivo bem-sucedido.