Quando falamos em recrutamento e seleção, um dos pontos mais citados é a importância do fit cultural – ou seja, encontrar profissionais que tenham valores alinhados com os da empresa. No entanto, muitas organizações acabam caindo em uma armadilha: contratar apenas pessoas que refletem a cultura atual, sem pensar estrategicamente na cultura que desejam construir para o futuro.
O risco de contratar só para a cultura existente
Se uma empresa contrata apenas profissionais que se encaixam no modelo atual, corre o risco de manter práticas ultrapassadas ou reforçar hábitos que não condizem mais com os objetivos de crescimento. Isso gera uma estagnação cultural, limitando inovação, diversidade e até a capacidade de atrair talentos mais estratégicos.
Por exemplo: se a cultura atual valoriza muito a hierarquia e pouco a autonomia, e a empresa quer se tornar mais ágil e colaborativa, contratar apenas pessoas que “se adaptam bem a hierarquias rígidas” vai impedir essa transformação.
O olhar para a cultura desejada
Um recrutamento estratégico precisa considerar não apenas quem somos hoje, mas também quem queremos ser amanhã. Isso significa que, ao desenhar o perfil ideal para uma vaga, o RH e os gestores devem refletir:
- Quais comportamentos precisamos incentivar para alcançar nossos objetivos futuros?
- Quais valores devem ser reforçados para sustentar o crescimento?
- Quais práticas atuais precisam ser transformadas?
A partir dessas respostas, é possível selecionar candidatos que tragam consigo experiências, mentalidade e atitudes que ajudem a construir essa nova fase da organização.
O papel do RH como agente de mudança
O RH não deve apenas “espelhar” a cultura que já existe, mas sim atuar como um motor de evolução organizacional. Isso envolve conversar com a liderança, entender o direcionamento estratégico da empresa e alinhar o processo seletivo com essa visão de futuro.
Além disso, é importante que os processos de onboarding e desenvolvimento também estejam conectados a essa transformação cultural. De nada adianta contratar pessoas alinhadas à cultura desejada se o ambiente interno não dá suporte a esses novos comportamentos.
Equilíbrio entre presente e futuro
Contratar para a cultura que se quer ter não significa descartar totalmente a cultura existente, mas sim equilibrar. É fundamental preservar os pontos fortes da identidade atual da empresa e, ao mesmo tempo, trazer pessoas que ajudem a corrigir fragilidades e a avançar para o próximo estágio.