No mundo do recrutamento e seleção, um ponto que separa processos eficientes de processos frustrantes é a capacidade de ajustar o ritmo da contratação de acordo com a vaga.
Assim como um atleta precisa saber quando acelerar ou quando conservar energia, o recrutador precisa decidir: este processo será uma maratona ou um sprint?
Essa decisão não é apenas uma questão de preferência, mas de estratégia. Aplicar a mesma velocidade para todas as vagas pode trazer prejuízos sérios: no sprint errado, você pode contratar rápido, mas mal; na maratona errada, você perde candidatos excelentes no caminho.
Quando o processo é uma Maratona
A maratona representa um processo mais profundo, estruturado e cuidadoso. Normalmente é adotada para:
- Cargos de liderança.
- Funções estratégicas para o negócio.
- Posições que exigem conhecimentos técnicos raros ou de difícil reposição.
O ritmo mais lento e planejado permite que o recrutador:
- Avalie o candidato por diferentes perspectivas (técnica, comportamental e cultural).
- Converse com calma para entender motivações e expectativas.
- Envolva mais pessoas na decisão final, garantindo alinhamento interno.
💡 Exemplo: contratar um gerente de operações para uma indústria. A decisão errada não afeta apenas uma área, mas toda a cadeia produtiva. Aqui, o “treinamento” antes da corrida vale cada minuto investido.
Risco de acelerar demais: perda de qualidade na análise, resultando em um profissional desalinhado com a cultura ou sem as competências necessárias.
Quando o processo é um Sprint
O sprint é um processo enxuto, objetivo e ágil. Ele funciona bem em situações onde:
- A função é de entrada ou operacional.
- O cargo é temporário ou de substituição rápida.
- O custo de manter a vaga aberta é alto para a produtividade da equipe.
Aqui, a prioridade é preencher rápido, sem etapas que atrasem a decisão. Isso não significa descuidar da qualidade, mas sim focar apenas no essencial:
- Triagem rápida para eliminar candidatos fora do perfil.
- Entrevistas curtas e diretas.
- Feedback e decisão imediata para evitar perder talentos para concorrentes.
💡 Exemplo: contratar operadores de produção para atender a um aumento temporário de demanda. Cada dia sem esses profissionais significa atraso na entrega.
Risco de desacelerar demais: perder bons candidatos que recebem propostas mais rápidas de outras empresas.
O perigo de confundir os ritmos
Misturar as estratégias é um dos erros mais comuns. Tentar contratar para uma vaga de liderança com o ritmo de sprint pode gerar problemas graves de desempenho e alta rotatividade. Por outro lado, fazer um processo de três semanas para uma vaga de assistente administrativo pode afastar candidatos e deixar a operação sobrecarregada.
Encontrando o ritmo certo para cada vaga
Para definir se você está diante de uma maratona ou um sprint, reflita:
- Urgência – Qual o impacto de deixar a vaga aberta?
- Complexidade – O quanto é difícil encontrar o perfil ideal?
- Impacto estratégico – O cargo afeta diretamente decisões importantes ou apenas uma parte do processo?
- Disponibilidade no mercado – Quantos profissionais com esse perfil estão disponíveis?
Equilibrando velocidade e qualidade
Mesmo em sprints, é possível manter a qualidade com:
- Tecnologia (ATS, testes online, videoentrevistas).
- Banco de talentos atualizado.
- Comunicação clara com candidatos e gestores.
E mesmo nas maratonas, é importante evitar burocracias desnecessárias. Um processo seletivo cuidadoso não precisa ser lento — ele precisa ser estratégico.
Conclusão:
No recrutamento, o ritmo certo é aquele que equilibra urgência e assertividade. Como especialistas em RH, precisamos enxergar além do “contratar rápido” ou “contratar com calma” — é sobre contratar do jeito certo para cada contexto.
No final, seja uma maratona ou um sprint, o objetivo é o mesmo: chegar à linha de chegada com o profissional certo, no tempo certo e com energia suficiente para que ele corra junto com a empresa por muito tempo.